Política

Bolsonaro: Brasil tem muita coisa cara, mas não falta nada





O presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil tem “muita coisa cara”, mas, pelo menos, não enfrenta dificuldades de abastecimento. Para o chefe do Executivo, os problemas econômicos do país são culpa de governadores e prefeitos.

“A situação está complicada para muita gente no Brasil? Está. Temos as consequências da pandemia, do fique em casa, a economia a gente vê depois. O Brasil é um país que tem muita coisa cara? Tem. Mas não está faltando coisa, como está faltando no Reino Unido”, afirmou.

Segundo o presidente, o Brasil é um dos países que “melhor se saiu”economicamente depois da pandemia. O chefe do Executivo não apresentou dados para embasar suas informações.

“Não posso fazer milagre. Alguns querem que eu interfira, na canetada, para manter o preço lá embaixo. Se eu fizer isso, o caos se instala”, afirmou.

COMBUSTÍVEIS

O presidente voltou a criticar governadores pela alta dos combustíveis no Brasil. Acusou “alguns” chefes estaduais de inflar o preço da gasolina para receber mais de ICMS, aferindo os valores base em postos próximos a “regiões nobres”.

Na 3ª feira (28.set), em viagem junto com Bolsonaro em Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que uma proposta de valor fixo para o ICMS seria discutida no Legislativo. Atualmente, o imposto é cobrado em cima do preço do combustível e cada Estado tem competência para definir a alíquota.

O anúncio de Lira ocorreu depois que a Petrobras informou o reajuste do preço do diesel nas refinarias em 8,89%, cerca de R$ 0,25 por litro. A estatal também anunciou na 4ª feira (29.set) que irá destinar R$ 300 milhões para umprograma social que ajudará famílias de baixa renda a comprar o gás de cozinha.

Nesta semana, Bolsonaro disse que o governo estuda entregar um botijão de gás a cada 2 meses aos beneficiários do Bolsa Família por causa da alta dos preços dos combustíveis. O chefe do Executivo também afirmou que a venda direta do gás de cozinha poderia diminuir pela metade o preço do utensílio. O presidente condiciona a medida à diminuição do ICMS por parte de governadores, além da aprovação do Congresso.

Sobre o gás de cozinha, Bolsonaro sugeriu uma permissão para que moradores “aluguem um caminhão” e busquem o insumo direto na refinaria, sem passar por intermediadores. Disser ser possível diminuir o preço “pela metade”.

 

Bolsonaro questiona vacinas e sugere que Queiroga fez tratamento ineficaz

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a questionar a eficácia das vacinas — a melhor forma de conter a pandemia —, sugerindo, sem provas, que farmacêuticas teriam algum "interesse comercial" por trás da aplicação da dose de reforço. Ele também insinuou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que cumpre quarentena nos Estados Unidos, fez uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19.

 

"Por que essa pressão por vacina? Há interesse comercial? Não era suficienteuma ou duas doses? Se tem terceira, tem que ser de graça. Não é direito do consumidor?", disse Bolsonaro durante sua live semanal, pondo em xeque a importância da vacinação.Ao falar de uma suposta "pressão" pela terceira dose, o presidente trata de forma enganosa o real quadro da aplicação da dose de reforço.

 

Até agora, a dose de reforço está sendo aplicada em idosos — o que, inclusive, passou a ser uma política do próprio Ministério da Saúde, divulgada na terça-feira (28). O governo já havia anunciado, em agosto, a terceira dose para idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos, como pessoas com câncer ou que passaram por transplantes. O estado de São Paulo está aplicando o reforço também em profissionais de saúde.

 

A indicação de uma dose de reforço para toda a população ainda precisa de mais estudos.

 

Caso Queiroga

 

O presidente ainda sugeriu que o ministro Marcelo Queiroga, infectado pela covid-19, teria feito "tratamento inicial" — ou "precoce", como costumava chamar — nos EUA, onde está cumprindo quarentena.

 

Na live da semana passada, o presidente já havia usado o caso de Queiroga para lançar desconfiança de forma infundada sobre as vacinas contra a covid-19. Todos os imunizantes que estão sendo aplicados no Brasil são seguros, eficazes e aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

 

Quero que a imprensa, quando Queiroga voltar ao Brasil... Vocês não vão ter coragem de perguntar, mas vai ter repórter que vai. Senhor Marcelo Queiroga, o senhor está vacinado com as duas doses, é um homem que nunca foi visto sem máscara no Brasil e contraiu o vírus. Ninguém quer dizer que a vacina não serve para nada. Pergunte para ele, se ele fez algum tratamento inicial nos EUA.Jair Bolsonaro, durante live

 

Procurado pelo UOL, o Ministério da Saúde informou apenas que Queiroga "tomou as medicações prescritas pelo médico", sem especificar quais. Também afirmou que o ministro passa bem e está há mais de uma sem apresentar sintomas da covid-19tendo realizado hoje um novo teste. O resultado deve sair "nos próximos dias", ainda de acordo com a pasta.

 

Ainda não existe tratamento comprovadamente eficaz para a fase inicial da covid-19. A mentira é recorrente em declarações de Bolsonaro.

 

A melhor forma de combater o vírus é por meio da vacinação — que, embora não impeça o indivíduo de contrair e transmitir a doença, reduz as chances de hospitalização e morte. Por isso, é necessário manter medidas de isolamento social, o uso de máscaras e a higienização constante das mãos.

 

Desinformação

 

Ao questionar a importância da vacinação, Bolsonaro ainda disse que a vacina "não é recomendável" para quem já foi infectado porque, segundo ele, quem contraiu o coronavírus "tem mais anticorpos do que qualquer vacina" — o que não está provado no caso da covid-19. O presidente costuma usar esse argumento para justificar o fato de não ter se imunizado ainda.

 

Ao contrário do que diz Bolsonaro, mesmo quem já foi infectado pela covid-19 precisa se vacinar, já que ainda não se sabe quanto tempo dura a imunidade gerada pelo contágio, nem qual a amplitude da proteção contra novas variantes — estes temas ainda estão sendo estudados.

 

Além disso, é possível pegar covid-19 mais de uma vez. Um estudo recente do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês), órgão de saúde pública dos EUA, diz que não vacinados têm o dobro do risco de reinfecção.

 

Para justificar suas declarações, o presidente citou uma reportagem do jornal El País sobre infectados gerarem anticorpos para o resto da vida, feita com base em um artigo científico publicado na revista Nature. No entanto, Bolsonaro omitiu que a publicação afirma que a presença de anticorpos no organismo nem sempre significa que a pessoa esteja imune a uma reinfecção e que o estudo não identificou se eles conseguem neutralizar as variantes do coronavírus.

 

Bolsonaro fala contra imunizantes em inauguração do Centro Nacional de Vacinas

O presidente Jair Bolsonaro defendeu em cerimônia de lançamento de um Centro de Vacinas em Belo Horizonte, o fim do passaporte da Covid e a liberdade de escolha de quem opte por não se imunizar. Em seu discurso, Bolsonaro retomou ainda críticas ao isolamento social determinado em razão da pandemia que já matou mais de 596 mil pessoas.

O roteiro de viagens e discursos em inauguração de obras faz parte da campanha que comemora os mil dias de governo Bolsonaro, completos no último domingo (26). Dessa vez, além de lançar um centro de vacinas, o presidente sancionou um projeto que autoriza o investimento de R$ 2,8 bilhões para construção de nova linha de metrô na capital mineira.

Em tom eleitoreiro, Bolsonaro voltou a atacar a esquerda e ironizou uma interrupção feita por uma manifestante que criticou seu governo.

"Diz um velho ditado: quem até os 30 não foi de esquerda, não tem coração. Quem depois dos 30 continua na esquerda, não tem cérebro. Não vim aqui falar de política, mas, se por ventura, eu vier candidato no ano que vem, terei o maior prazer de debater com o candidato dessa senhora. vamos comparar 14 anos do PT com 4 do meu governo", afirmou.

A alta do combustível e da energia elétrica também foram citadas no discurso. O aumento dos preços foi novamente atribuído ao impacto econômico causado pelo isolamento social e ao ICMS dos estados cobrado no valor dos combustíveis.

Segundo o presidente, isso começou em março de 2020,"quando nós vimos quase pelo Brasil todo a política do 'fica em casa, a economia a gente vê depois'".

Fonte: Poder360 - Congresso em Foco - UOL