Economia

Dólar sobe 3,67% em outubro, a R$ 5,646; Bolsa despenca pelo 4º mês seguido





O dólar emendou hoje sua segunda alta consecutiva, esta de 0,37%, e terminou a sexta-feira (29) cotado a R$ 5,646 na venda. Com o resultado, a moeda americana encerra outubro com ganho acumulado de 3,67% frente ao real e chega ao segundo mês seguido de saldo positivo, depois de subir 5,30% em setembro.

Já o Ibovespa registrou sua quarta baixa consecutiva, terminando o pregão aos 103.500,71 pontos. Somando o tombo de 2,09% de hoje — o segundo maior da semana, perdendo apenas para os -2,11% de terça-feira (26) —, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) encerra o mês em queda acumulada de 6,74%.

Outubro já é o quarto mês consecutivo de perdas para o Ibovespa, que já havia somado baixas de 3,94%, 2,48% e 6,57% em julho, agosto e setembro, respectivamente.

Em 2021, o cenário é semelhante: com os resultados de outubro, o dólar agora acumula alta de 8,82% frente ao real, enquanto o Ibovespa despencou 13,04% desde o início do ano.

Risco fiscal preocupa

As últimas semanas têm sido de preocupação dos mercados quanto ao cenário fiscal no Brasil. O imbróglio em torno da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios, com a qual o governo conta para financiar mais gastos sociais, causa receio nos investidores de que o país não conseguirá respeitar o teto de gastos no ano que vem.

A proposta é considerada prioritária para o governo por abrir um espaço no Orçamento de 2022 de R$ 80 bilhões, o que permitira a concessão do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. A votação da PEC na Câmara dos Deputados, que deveria ter sido iniciada na quarta-feira (27), foi novamente adiada e deve ficar para semana que vem — o que intensifica as incertezas fiscais.

O relator da PEC, deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), reforçou ontem que a proposta não está "enterrada" e adiantou que líderes da base do governo trabalham para mobilizar suas bancadas, com o objetivo de votá-la na próxima quarta-feira (3). Por se tratar de uma PEC, ela precisa de ao menos 308 votos favoráveis em dois turnos para ser aprovada.

Não acredito que a PEC esteja enterrada. Eu acredito que na próxima quarta-feira [3] a Casa possa se sensibilizar e votar o nosso relatório.Hugo Motta, à CNN Brasil

Greve no radar

Paralelamente, o mercado mantém no radar uma possível greve de caminhoneiros, anunciada para a próxima segunda-feira (1º), que pode aumentar ainda mais as instabilidades no país.

Mais cedo, lideranças da categoria criticaram o anúncio do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) sobre o congelamento do valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado sobre os combustíveis, dizendo que a mudança não surtirá efeito. Eles também reforçaram que a greve está mantida.

"A adesão está animadora, bastante grande. Há pessoas que, na última chamada, eram do contra, mas que agora estão parando pela dor. Eles estão vendo que não dá mais para continuar rodando. Está crescendo bastante o movimento", disse Marconi França, líder dos caminhoneiros no Recife.

Isso [congelamento do ICMS] é governo querendo passar mel na boca da categoria. Congela por 90 dias e, depois, eles aumentam o que ficou congelado. Idiota é quem acredita nessas promessas de governo.Marconi França, líder dos caminhoneiros no Recife

Fonte: UOL com Reuters

- Bolsa perde R$ 331,8 bilhões em valor de mercado apenas em outubro

 

O mercado financeiro atravessa dias turbulentos, especialmente depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizarem a intenção de pedir “licença” para estourar o teto de gastos, provocando uma nova debandada na equipe na semana passada. Apenas em outubro, os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) perderam R$ 331,8 bilhões em valor de mercado, conforme dados da Economática.

 

O Índice Bovespa, principal indicador da B3, encerrou o pregão desta sexta-feira (29/10) a 103.500 pontos, com recuo de 2,09%. No acumulado do mês, a queda do IBovespa foi de 6,74% e, no ano, o tombo chegou a 13,03%.

 

Essa piora no desemprenho da Bolsa reflete a piora na confiança dos investidores no governo. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) só pensa na reeleição e como o Centrão não abre mão de um grande volume de recursos para gastar no ano que vem, mostrando que não tem apreço com as regras fiscais, o mercado financeiro amarga prejuízos, apesar de a vacinação da população continuar avançando e as empresas listadas B3 apresentarem lucros bilionários nos balanços recentes. Os riscos fiscais voltaram ao radar diante da sinalização de que as regras não devem ser cumpridas para atender ambições eleitoreiras.  A frustração está tomando conta as previsões, que estão cada vez mais pessimistas e mexeram com o mercado acionário e com o dólar, que voltou a subir. Já Guedes, assim como Bolsonaro, que chamou a pandemia da covid-19 de “gripezinha”, minimiza o problema e chama de “conversinha”.

 

De acordo com os dados da Economática desde janeiro deste ano até outubro, as ações listadas na B3 registraram perdas no valor de mercado de R$ 718,6 bilhões. Os papéis da mineradora Vale estão no topo do ranking com a maior desvalorização em 2021, de R$ 98,3 bilhões. A varejista Magazine Luiza, em segundo lugar, registrou depreciação de R$ 89,6 bilhões na Bolsa no mesmo período. Em terceiro lugar, o valor das ações do Itaú Unibanco contabilizou R$ 73,6 bilhões em perdas no ano.

- Greve de caminhoneiros “vai parar” o Brasil, diz líder de central sindical

A paralisação dos caminhoneiros marcada para 2ª feira (1º.nov.2021) recebeu o apoio da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e de outras centrais sindicais. Ao Poder360, Antonio Neto, presidente da CSB, afirmou nesta 6ª feira (29.out.2021) que a greve “é uma manifestação contra a absurda política de preços [dos combustíveis] que, para garantir dividendos bilionários para poucos, acaba sacrificando muitos”. 

Mais cedo, Antonio publicou um vídeo em suas redes sociais confirmando a greve e convidando os brasileiros a aderirem ao movimento. Fez a gravação após participar de uma reunião com líderes dos caminhoneiros, do setor de transportes e logística. 

“A greve vai acontecer à 0h do dia 1º de novembro. O Brasil vai começar a parar, todos os caminhoneiros. Nós estamos apoiando essa greve. Não é possível mais esse ascende. Os excessos de aumento, a revolta de todos os trabalhadores brasileiros. Nos gás, na gasolina, no diesel ”, disse. 

Antonio afirmou também que “essa greve é de todo o povo brasileiro”. Disse que é de quem considera altos os preços do gás e da energia. Segundo ele, “o povo brasileiro não aguenta mais pagar os lucros bilionários de meia dúzia de acionistas”.

Na 5ª feira (28.out.2021), centrais sindicais já tinham assinado um manifesto apoiando a paralisação. O texto afirmava que a pauta da categoria tem repercussões do interesse de toda a classe trabalhadora. Entre as centrais que assinam o manifesto estão CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB e CSP-Conlutas. 

A inflação se expressa na alta dos preços da energia elétrica e dos combustíveis que são de responsabilidade do governo federal que, mais uma vez, nada faz. Neste ano a gasolina já acumula um aumento de 74% e o diesel 65%. O impacto sobre os preços promove a carestia, como no caso do botijão de gás que custa em torno de R$ 100,00. A inflação anual já beira os 10%”, diz o texto.

Quem mais apoia

Ao menos 3 entidades de caminhoneiros autônomos estão apoiando a paralisação. Além da alta do diesel, que ganhou força nesta semana após o reajuste feito pela Petrobras, eles também reclamam de falta de diálogo do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Além disso, eles pedem:

  • o piso mínimo de frete;
  • o retorno da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição;
  • a aprovação do novo Marco Regulatório de Transporte Rodoviário de Carga;
  • a criação e melhoria dos Pontos de Parada e Descanso.

Fonte: Correio Braziliense - Poder360