Economia

Mundo vai colocar pé no freio para controlar inflação em 2022, diz economista





Reginaldo Nogueira avalia que as medidas econômicas de China e Estados Unidos vão impactar negativamente o Brasil 

A economia global em 2022 “deve esfriar”, segundo o economista e diretor-geral do Ibmec São Paulo e Brasília, Reginaldo Nogueira, em entrevista à CNN Rádio.

Depois do crescimento previsto para 2021, devido à retomada econômica em meio à melhora da pandemia, há um fenômeno que se estabelece, de acordo com o especialista.

“Tem um choque negativo de oferta que pressiona salários e eleva preços, e crescimento da demanda estimulada por políticas monetárias feitas no ano passado para impedir um colapso maior”, explicou.

No caso do Brasil, “tivemos juros muito baixos por muito tempo e estamos colhendo os frutos dessa conjunção, crise de oferta com estímulo à demanda.

”Tudo isso será o “grande desafio de 2022”: “Será preciso controlar a demanda, com taxas de juros, políticas fiscais. Todos os países colocam pé no freio para controlar inflação e impedir ‘bola de neve’ de efeitos mais prolongados.

Reginaldo vê dois cenários relacionados a China e Estados Unidos que preocupam o Brasil. “Nos EUA, há reversão de política monetária, a partir do momento em que os juros começam a se elevar para controlar a inflação, o aumento tem efeitos globais muito relevantes, atrai capital de volta, coloca pressão no câmbio e faz com que economias emergentes, como o Brasil, respondam com aperto monetário”, disse.

Já a China, para o economista, “começa a querer depender menos do crescimento do setor de construção civil e commodities e a mudar matriz de energia limpa, isso implica uma China menos dependente de commodities, que é o grande motor de exportação brasileiro para os chineses.”

 

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Inflação: Por que os preços nos EUA dispararam para o nível mais alto em 3 décadas

A taxa de inflação em outubro chegou a 6,2% no acumulado dos últimos 12 meses, o valor mais alto registado no país em 30 anos, segundo o órgão de estatísticas do governo americano. Em comparação, o índice no Brasil já está em 10,25%. 

Alimentos, combustíveis, automóveis e habitação são alguns dos produtos cujos aumentos de preços impulsionaram este recorde histórico nos EUA.

Como no Brasil, o aumento da inflação tem sido uma preocupação crescente para os consumidores à medida que o poder de compra diminui. Produtos como carne, peixe e ovos subiram mais do que outros alimentos, e os preços da gasolina atingiram o pico nos últimos sete anos.

A inflação está acelerando à medida que a economia se recupera dos efeitos da pandemia de covid-19, o consumo da população aumenta e os gargalos persistem nas cadeias de abastecimento que afetam o fluxo normal de produtos em nível global.

Questionado sobre a inflação, o presidente americano, Joe Biden, disse que reduzir o índice é uma de suas "principais prioridades".

Mas o que está por trás dessa alta e o que pode ser feito para tentar contê-la?

Problema com múltiplos fatores

Em entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), Elijah Oliveros-Rosen, economista sênior da consultoria S&P Global Ratings, afirmou que o salto inflacionário "foi influenciado pelos preços dos produtos de energia", bem como pelos gargalos no fluxo global de produtos, aumento das commodities e o alto custo de moradia.

"Os preços da energia devem continuar subindo nos próximos meses, mas, ao mesmo tempo, o impacto dos gargalos nas cadeias de abastecimento deve diminuir", acrescentou.

É o que sente na pele a americana Bessy Clarke, em relação ao preço da gasolina. "Em geral, toda semana, ele vai cada vez mais alto." Ela costumava gastar US$ 23 (R$126) para encher seu tanque e agora não consegue fazer isso por menos de US$ 30 (R$ 164), cerca de 30% de aumento.

"Estou pensando em como limitar meus deslocamentos", diz a garçonete de Nova Orleans, que também enfrenta alta do preço da comida. "Mesmo no restaurante onde trabalho, o preço da carne subiu e agora temos que repassar esse preço para o consumidor."

No Brasil, com o encarecimento da gasolina (por diversos fatores, incluindo a alta do dólar e a instabilidade política), o preço médio do combustível aumentou quase 40% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais do governo brasileiro. O etanol subiu 65%.

Outro fator que tem contribuído para o aumento da inflação nos EUA é a escassez de trabalhadores, situação que tem feito subir os salários em alguns setores da economia, levando empresas a repassar a alta do custo para os produtos comercializados.

O número de pessoas deixando seus empregos indica que os salários vão subir a uma taxa anual entre 4% e 4,5%, escreveu Michael Pearce, economista da consultoria Capital Economics.

Os americanos estão deixando seus empregos a uma taxa recorde que atingiu 4,3 milhões de pessoas em agosto, quase 3% da força de trabalho. É um fenômeno conhecido como "a grande renúncia", outra das consequências econômicas deixadas pela pandemia.

Há também a falta de produtos, causada por problemas nas cadeias de abastecimento em todo o mundo durante a pandemia. O consenso entre os especialistas da área é que a chamada "crise dos contêineres" não será totalmente resolvida até o próximo ano. E os mais pessimistas acreditam que pode se estender até o início de 2023.

O problema é que o aumento da inflação, as dificuldades no mercado de trabalho e a escassez de alguns produtos "são problemas interligados", disse David Wilcox, pesquisador do Peterson Institute for International Economics em Washington, em entrevista à BBC News Mundo.

Aumento de juros entre as consequências

Além de aumentar o custo de vida dos cidadãos comuns e tornar as operações comerciais mais caras, a inflação recorde pressiona o Banco Central americano (Fed) para aumentar as taxas de juros antes do previsto.

"As taxas de juros conseguem conter um pouco essa piora (do cenário inflacionário) ao segurar a atividade econômica e os preços", explicou o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, à BBC News Brasil. Isso porque, ao elevar os custos do crédito, elas fazem as empresas e consumidores gastarem menos e os estimula a poupar mais - uma vez que o dinheiro poupado é remunerado a uma taxa de juros maior.

O Fed, responsável pela política monetária da maior economia do mundo, anunciou um aumento das taxas de juros (o custo do dinheiro) para o próximo ano. E, em paralelo, deu início a uma redução gradual de seu programa de compra de títulos, lançado para apoiar a economia após a crise causada pela pandemia.

A expectativa de analistas do mercado financeiro é de que, por conta das pressões inflacionárias, o Fed possa antecipar a alta das taxas, movimento que influencia diretamente os mercados financeiros e a economia global.

Por enquanto, a meta do Fed é se aproximar de seu objetivo de manter a inflação em uma faixa flexível em torno de 2%. Lembrando que atualmente ela está em torno de 6%.

"O aumento da inflação é preocupante, mas temos que ter calma, porque não é um indício de que veremos uma escalada permanente", avaliou Hugo Osorio, subgerente de Estratégias de Investimento da empresa Falcom Asset Manager, em entrevista à BBC News Brasil.

Segundo análises divulgadas pelo Fed, as pressões inflacionárias atuais são "transitórias", o que justificaria sua decisão de não antecipar uma alta do custo do dinheiro. No entanto, outros economistas estão céticos e argumentam que o aumento da inflação será mais permanente.

 

- Partido Comunista aprova resolução que abre caminho para terceiro mandato de Xi

Atual presidente chinês é apenas o terceiro líder do partido a apresentar 'resolução histórica' – as anteriores, em 1945 e 1981, consolidaram autoridade de Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping

Partido Comunista da China (PCC) aprovou uma resolução sobre sua história e conquistas, disse a agência de notícias oficial Xinhua nesta quinta-feira (11).

A medida é vista como uma forma de consolidar ainda mais a autoridade do presidente Xi Jinping – secretário-geral do PCC desde 2012 e presidente da China desde 2013 – um ano antes dele buscar um terceiro mandato como líder do partido, algo sem precedentes na história do país.

A “resolução histórica” foi apresentada no fechamento da 6ª reunião do pleno do Comitê Central do partido, um grupo de cerca de 370 membros que escolhe seus novos líderes a cada cinco anos – e que está reunido desde segunda-feira (8), a portas fechadas, em Pequim

O comitê central decidiu que a lição a ser tirada da história do partido é permanecer firme em 10 áreas, com a liderança do partido sendo a principal delas, disse a Xinhua. Os outros nove pontos destacados no documento são:

  • Defender a liderança do Partido
  • Colocar o povo em primeiro lugar
  • Avançar na inovação teórica
  • Permanecer independente
  • Seguir o caminho chinês
  • Manter uma visão global
  • Abrir novos caminhos
  • Se defender
  • Promover a frente única e permanecer comprometidos com a auto-reforma

“Esses dez pontos representam uma valiosa experiência prática adquirida em longo prazo e tesouros intelectuais criados através dos esforços conjuntos do Partido e do povo. Todos devemos valorizá-los, defendê-los por um longo prazo e continuar a enriquecê-los e desenvolvê-los na prática na nova era”, disse o Comitê Central.

Resolução histórica

Foi apenas a terceira “resolução histórica” ​​desde a fundação do partido, em 1921. As duas anteriores, em 1945 e 1981, tiveram o efeito de consolidar a autoridade de Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping, respectivamente, que lideraram o partido até suas mortes.

Xi é amplamente considerado o líder mais poderoso da China desde Mao.

De acordo com a resolução do PCC, “o camarada Xi Jinping demonstrou grande iniciativa histórica, tremenda coragem política e um poderoso senso de missão”.

Avaliações temáticas

A íntegra do documento, divulgada pela Xinhua e publicada também pelo jornal estatal Global Times, traz ainda uma série de avaliações sobre os avanços do partido, divididas em 12 temas:

  • Autogovernança completa e rigorosa
  • Economia
  • Reforma e abertura
  • Trabalho político
  • Avanço de forma abrangente da governança baseada na lei
  • Avanço cultural
  • Desenvolvimento cultural
  • Desenvolvimento social
  • Avanço eco ambiental
  • Defesa nacional e Forças Armadas
  • Segurança nacional
  • Defesa da política de “Um País, Dois Sistemas” e promoção da reunificação nacional
  • Política externa

Sobre a economia, o PCC considera que o desenvolvimento nessa área tornou-se mais equilibrado, coordenado e sustentável.

“A força econômica, a influência científica e tecnológica e a força nacional da China alcançaram novos patamares. Nossa economia está agora em um caminho de desenvolvimento de alta qualidade que é mais eficiente, equitativo, sustentável e seguro”, diz o texto.

Já na área do desenvolvimento social, o PCC diz que a vida das pessoas “melhorou em todos os aspectos”. “Continuamos a desenvolver uma atmosfera sólida na qual as pessoas são capazes de viver e trabalhar em paz e contentamento, e a estabilidade social e a ordem prevalecem.”

Quanto à defesa nacional e as forças armadas, a avaliação é de que os militares estão “em preparação para a próxima fase” e que as capacidades de defesa do país “cresceram em sintonia com a força econômica”.

Outro aspecto importante ressaltado pela resolução diz respeito à política de “um país, dois sistemas” – modelo adotado desde 1997, com a devolução de Hong Kong, que permite que a China se mantenha socialista, enquanto a ilha tem um sistema capitalista com alto grau de autonomia.

O texto defende ainda “o princípio de uma China e o Consenso de 1992”, no qual a parte continental e Taiwan fazem parte de um único território chinês.

“Nos opomos firmemente às atividades separatistas que buscam a ‘independência de Taiwan’. Nos opomos firmemente à interferência estrangeira. Temos mantido a iniciativa e a capacidade de conduzir as relações entre os dois lados do Estreito.”

 

- Morre o ex-presidente da África do Sul Frederik de Klerk

O ex-presidente da África do Sul Frederik de Klerk, que libertou da prisão o ex-presidente Nelson Mandela - líder do movimento contra o apartheid - morreu nesta quinta-feira (11), aos 85 anos, de câncer de pulmão, em sua casa na Cidade do Cabo.  A informação foi divulgada pela Fundação FW Klerk. Ele dividiu com Mandela o Prêmio Nobel da Paz de 1993 pela luta contra a segregação racial no país.

Em discurso feito no Parlamento da África do Sul, em 2 de fevereiro de 1990, de Klerk anunciou que aquele que viria a ser o primeiro presidente negro do país, Nelson Mandela, seria libertado da prisão após 27 anos de cativeiro.

O anúncio agitou a nação, que durante décadas era desprezada e recebia sanções de grande parte da comunidade internacional pelo brutal sistema de discriminação racial conhecido como apartheid.

Com o isolamento da África do Sul e a deterioração de sua economia, antes sólida, de Klerk, que tinha sido eleito presidente apenas cinco meses antes, anunciou no mesmo discurso a liberação do Congresso Nacional Africano (ANC) e de outros grupos políticos antiapartheid.

Vários membros do Parlamento abandonaram nesse dia a câmara enquanto o presidente discursava.

Nove dias mais tarde, Mandela foi libertado e quatro anos depois seria eleito o primeiro presidente negro do país, como resultado de os negros terem pela primeira vez exercido o direito de voto.

De Klerk e Mandela receberam o Nobel da Paz em 1993 pela sua cooperação, muitas vezes intensa, no processo de afastamento da África do Sul do racismo institucionalizado e em direção à democracia

Fator-chave na transição do país para a democracia, de Klerk chefiou o governo de minoria branca na África do Sul até 1994, quando o partido do Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela, assumiu o poder.

Apesar de ter dividido o prêmio com Mandela, Frederik de Klerk foi criticado pela comunidade negra por sua incapacidade de conter a violência política nos anos turbulentos que antecederam as eleições de 1994.

Muitos afrikaners brancos de direita, descendentes dos colonos holandeses e franceses que há muito governavam o país, viram-no como um traidor de suas causas de nacionalismo e supremacia branca.

Fonte: CNN Brasil - Agência Reuters - Agência Brasil com informações da RTP - Rádio e Televisão de Portugal - BBC News Brasil