O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi causado por falta de apoio político. Em artigo para a edição de estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o magistrado apontou que "o motivo real" para o afastamento da petista não foi por conta das “pedaladas fiscais”, como foi alegado no processo.
"A justificativa formal foram as denominadas 'pedaladas fiscais' — violação de normas orçamentárias —, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política", afirmou Barroso. A publicação será lançada no próximo dia 10 e tem Hussein Kalout, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, como um dos editores.
Barroso ainda comentou sobre a atuação do ex-presidente Michel Temer que sucedeu Dilma. "Assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente”, relembrou.
Apesar de reconhecer que Dilma foi afastada por motivos políticos, o ministro já afirmou, em diversas ocasiões, que não vê inconstitucionalidade no impeachment da petista. Para Barroso, do ponto de vista jurídico, não há golpe “porque se cumpriu a Constituição".
- Fachin vota para rejeitar denúncia da PGR contra Lira
O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou nesta 6ª feira (4.fev.2022) para rejeitar denúncia da Procuradoria Geral da Repúblicacontra o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O julgamento está sendo realizado no plenário virtual, com prazo até a próxima 6ª feira (11.fev).
Eis a íntegra do voto (138 KB).
Lira é acusado de corrupção passiva em esquema de suposto pagamento de propinas de R$ 1,5 milhões da empreiteira Queiroz Galvão. A denúncia foi apresentada pela subprocuradora Lindôra Araújo em junho de 2020. Em setembro, porém, Lindôra recuou e pediu ao STF que arquivasse o caso.
O argumento da PGR é que não há provas que caracterizassem uma relação pessoal entre Lira e a Queiroz Galvão.
Fachin afirmou em voto que apesar do recuo da PGR, o caso ainda seria avaliado no plenário do Supremo. Ao analisar a denúncia, o relator da Lava Jato disse que concordaria com o arquivamento, pois a Procuradoria não apresentou “descrição suficiente da conduta supostamente delituosa” atribuída a Lira.
“A peça acusatória não se desincumbe do ônus de aportar as circunstâncias objetivas que concretamente vinculem o parlamentar federal acusado aos outros codenunciados, tampouco ao fato delituoso narrado. Ao revés, o posicionamento do ora agravante no esquema criminoso relatado vem consubstanciado apenas no depoimento do colaborador Alberto Youssef”, disse o ministro.
Segundo Fachin, a denúncia afirma que Lira integrou o núcleo político da suposta organização criminosa entre 2004 a 2017, mas o 1º mandato do deputado foi em 2011. O ministro diz que a Procuradoria não apontou provas de registros telefônicos ou extratos que confirmassem os pagamentos ao congressista.
“Ao lado disso, quase todos os contratos vantajosos mencionados à guisa de contextualização na denúncia também se reportam a período no qual o parlamentar ora denunciado nem sequer havia sido empossado no seu cargo atual, eleito como integrante do Partido Progressista (PP)”, disse.
O julgamento segue até a próxima 6ª feira (11.fev). Pode ser suspenso caso algum ministro peça vista (mais tempo de análise) ou destaque, que leva a discussão para as sessões presenciais da Corte.
Fonte: Correio Braziliense - Poder360