Política

Ucrânia pede encontro com Rússia nas próximas 48h





A Ucrânia pediu neste domingo (13.fev.2022) um encontro com os signatários do Documento de Viena, incluindo a Rússia, nas próximas 48 horas

Em seu perfil do Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytró Kuleba, disse que Moscou “falhou em responder” a demanda da Ucrânia por explicações sobre as movimentações militares na fronteira do país. A exigência foi transmitida por Kiev na 6ª feira (11.fev.).

O Documento de Viena foi assinado em 2011 e é vinculativo aos membros da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa). Leia a lista com os 57 participantes da organização.

O termo invocado pela Ucrânia está inscrito no 3º capítulo do acordo, que dispõe sobre a “redução de riscos” entre os membros. O trecho permite aos participantes requisitar informações sobre “quaisquer atividades incomuns e não-programadas de forças militares fora de suas áreas de operação normais em tempos de paz”. 

Kuleba afirmou que, “se a Rússia leva a sério” o acordo, deveria “cumprir seu compromisso com a transparência militar para reduzir as tensões e fortalecer a segurança de todos os Estados participantes”.

Moscou ainda não se manifestou sobre a solicitação de Kiev.

No início do mês, imagens de satélite da empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar mostraram o aumento da atividade militar russa na fronteira. O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse neste domingo (13.fev) que espera uma “grande ação militar” russa a qualquer momento na Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, adota tom mais cauteloso, afirmando que as alegações de uma invasão iminente causam “pânico” e contribuem para agravar a instabilidade no país. Em meio a cancelamentos de voos com destino à Ucrânia, o governo anunciou a manutenção do tráfego aéreo em aberto. 

Zelensky deve receber o chanceler alemão Olaf Scholz na 2ª feira (13.fev.), em Kiev. Scholz busca sinalizar maior compromisso da Alemanha com a integridade da Ucrânia após críticas ao baixo engajamento do país em comparação às transferências de equipamento militar de outros membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

 

 

Em ligação, Biden e Zelensky defendem 'diplomacia e dissuasão' com a Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o da Ucrânia, Volodimir Zelensky, falaram hoje por telefone sobre a concentração de forças russas na fronteira ucraniana. Segundo informou a Casa Branca, os dois chefes de Estado acordaram em insistir com a "diplomacia e a dissuasão" para reduzir a tensão militar na região.

"Os dois líderes coincidiram na importância de manter a diplomacia e a dissuasão em resposta à concentração de forças militares russas nas fronteiras com a Ucrânia", declarou a Casa Branca sobre o telefonema, que durou cerca de 50 minutos.

Com o temor crescente do Ocidente de uma eventual invasão russa, a Casa Branca acrescentou que Biden "deixou claro que os Estados Unidos responderão rápida e decisivamente, juntamente com seus aliados e parceiros, a qualquer agressão da Rússia à Ucrânia".

Hoje, em entrevista à CNN, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que os Estados Unidos acreditam que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento, mas ainda trabalha por saídas diplomáticas.

De acordo com Sullivan, a posição territorial das forças russas permitiria uma invasão antes do final das Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 20 de fevereiro.

No sábado (12), o jornal The New York Times afirmou que a data planejada por Putin seria a próxima quarta-feira. Porém, analistas alertam para possíveis esforços russos de desinformação.

'Estamos preparados para responder'

O conselheiro Jake Sullivan disse que os EUA e seus aliados estão preparados para responder "imediata e decisivamente" caso a Rússia avance.

O chanceler alemão Olaf Scholz também alertou hoje a Rússia sobre sanções imediatas e "reações duras" se atacar a Ucrânia, mantendo um tom duro antes de uma reunião nesta semana com o presidente russo, Vladimir Putin.

O embaixador russo na Suécia, Viktor Tatarintsev, no entanto disse que seu país "não dá a mínima" para as possíveis sanções das nações ocidentais. "Já tivemos tantas sanções e, de alguma forma, elas tiveram um efeito positivo em nossa economia e agricultura", afirmou o veterano diplomata.

Biden e Putin conversaram ontem por telefone sobre a situação. O presidente americano advertiu Putin sobre "custos severos" que a Rússia enfrentaria se invadisse a Ucrânia. Putin, por sua vez, declarou que a suspeita de um ataque contra a Ucrânia era uma "especulação provocativa".

A crise surgiu depois da mobilização de mais de 100 mil militares russos para a fronteira com a Ucrânia há várias semanas. Moscou, porém, tem negado reiteradamente que queira atacar a antiga república soviética, mas exige certas garantias na questão da segurança.

O principal entrave às negociações diz respeito à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os russos querem uma certeza de que a Otan não admita entre seus membros a Ucrânia, uma concessão que o Ocidente não aceita fazer.

Inteligência dos EUA afirma que Rússia planeja pretexto para invadir

Agências de inteligência dos Estados Unidos alertaram o governo Biden sobre uma nova operação russa destinada a criar um pretexto para a invasão da Ucrânia, segundo reportagens dos jornais The New York Times e Washington Post, citando pessoas que tiveram acesso ao material.

Conforme os relatos, neste mês altos funcionários do governo disseram que a Rússia planejava criar um vídeo falso mostrando um ataque de ucranianos em território russo. Nos últimos dias, autoridades relataram que novas informações apontavam para outra chamada "operação bandeira falsa", mas os detalhes, incluindo o momento em que iria ocorrer, não eram claros.

Na sexta-feira (11), Sullivan disse que os EUA estavam denunciando publicamente os planos russos de criar um pretexto para que o mundo soubesse que a Rússia não tinha uma causa legítima para entrar em território ucraniano.

Fonte: Poder360 - UOL com AFP e Reuters