Economia

BC diz que pode prolongar o ciclo de aumento da Selic





O BC (Banco Central) disse nesta 3ª feira (22.mar.2022) que poderá aumentar o ciclo de aumento da taxa básica, a Selic. Atualmente, os juros estão em 11,75% ao ano.

As informações constam na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta 3ª feira (22.mar.2022). O comitê é formado pelos diretores do BC. Reúnem-se a cada 45 dias para definir os juros. A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação. Eis a íntegra do documento (234 KB).

O Banco Central sinalizou ainda que deverá elevar os juros em 1 ponto percentual na próxima reunião, em maio. Segundo a autoridade monetária, a alta das commodities pressiona os preços com os impactos secundário na inflação, impulsionada pela guerra na Europa.

Afirmou que, diante das projeções atuais, o ciclo de reajuste da Selic é suficiente para a convergência da inflação para o patamar em torno da meta, de 3,5% em 2022 (com intervalo de tolerância até 5%) e de 3,25% em 2023 (com intervalo de tolerância até 4,75%). Mas disse que poderá intensificar a alta dos juros caso haja extensão dos choques.

“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse a ata.

INFLAÇÃO E RISCOS

O Banco Central disse que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) continua em nível elevado. Afirmou que a alta está disseminada em vários componentes e tem se demonstrado mais persistente do que o previsto anteriormente. Os bens industriais, por exemplo, não arrefeceu e deve continuar pressionando a inflação no curto prazo. A inflação de serviços acelerou.

O mercado financeiro estimou que a inflação ficaria em 6,4% em 2022 e 3,7% em 2023. O Copom projetou que o índice de preços terá alta de 7,1% em 2022 e de 3,4% em 2023. Os percentuais foram calculados com base na perspectiva de trajetória da taxa básica, a Selic, divulgados no Boletim Focus.

As projeções para os preços administrados –aqueles estabelecidos em contratos, definidos por governos ou estatais, como a gasolina– são de 9,5% para 2022 e de 5,9% para 2023. O custo da energia elétrica também é um preço administrado. O Banco Central afirmou que a bandeira tarifária deverá ser “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.

CENÁRIO EXTERNO

O Banco Central disse que o ambiente internacional piorou substancialmente com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. A guerra no Leste Europeu provocou um “aperto significativo das condições financeiras e aumento das incertezas em torno do cenário econômico mundial”.

As pressões inflacionárias –que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes, quanto avançadas– deve “exacerbar”. Os preços das commoditiessubiram desde o início dos ataques na região. O barril tipo brent do petróleo chegou à máxima de US$ 139 em 7 de março de 2022. Opera próxima de US$ 115 nesta 3ª feira (22.mar.2022).

A guerra e as sanções aplicadas pelos outros países à Rússia reorganiza as cadeias de produção mundiais. O Banco Central disse que o novo cenário deve ter consequências de longo prazo e também deve aumentar a inflação.

PIB BRASILEIRO

O Brasil cresceu 4,6% em 2021. Houve crescimento de 0,5% no 4º trimestre do ano passado contra os 3 meses anteriores. Foi puxada pela agropecuária (+5,8%) e serviços (+0,5%). A indústria tombou 1,2%.

A autoridade monetária afirmou que o último resultado de 2021 demonstra um ritmo de atividade acima do esperado. “Indicadores relativos ao comércio e serviços mostraram evolução ligeiramente melhor que a esperada em janeiro, enquanto a indústria contraiu no mesmo mês. Indicadores do mercado de trabalho seguiram mostrando recuperação consistente de empregos no último trimestre de 2021 e em janeiro de 2022”, disse a ata.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que a taxa de desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em janeiro contra o anterior (agosto, setembro e outubro). O Ministério do Trabalho e Previdência informou que o Brasil passou a ter 155,2 mil trabalhadores com carteira assinada a mais em janeiro.

Os diretores do Banco Central afirmaram que, apesar do aumento dos prêmios de risco e o aperto nas condições financeiras, a agropecuária impulsionar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). A normalização da economia no período de menor gravidade da pandemia de covid-19 também deve elevar a atividade do setor de serviços e no mercado de trabalho.

Fonte: Poder360