Política

Rússia x Ucrânia: guerra fecha 1º mês com ataque a navio russo





A invasão russa ao território ucraniano completa um mês nesta quinta-feira (24) ainda sem sinal de grandes avanços nas negociações para o fim da guerra. Hoje, as Forças Armadas da Ucrânia divulgaram que um navio russo foi destruído no porto de Berdyansk —que fica a 750 quilômetros da capital ucraniana—, controlado pela Rússia.

O Ministério da Defesa da Rússia não mencionou, em seu relatório matinal, a perda do navio, mas disse que "unidades do exército russo assumiram completamente o controle da cidade de Izium, na região de Kharkiv". A informação não pôde ser verificada de forma independente.

Para a Ucrânia, os principais alvos da Rússia "continuam sendo a infraestrutura militar e civil" nas regiões de Kiev, capital do país, Chernihiv, no norte ucraniano, e Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, no leste.

Nesta quinta (24), em que a guerra chega ao 29º dia, os militares ucranianos recordaram a invasão, iniciada em 24 de fevereiro. Para o serviço de emergências da Ucrânia, "24 de março marca o mês da invencibilidade da Ucrânia". "Um mês de luta feroz de todo o povo ucraniano contra a agressão russa pelo direito de viver em um estado europeu livre. Este é o mês da nossa firmeza, que já provou ao mundo que é tão fácil não nos derrotar."

Ainda temos um período muito difícil pela frente. A máquina militar russa não vai parar até que esteja encharcada no sangue de seus soldados. A sociedade russa já sofre algumas consequências, mas está intimidada e passiva
Oleksii Reznikov, ministro da Defesa da Ucrânia

Nesta quinta, acontece uma cúpula extraordinária da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que tem a intenção de reforçar o apoio à Ucrânia diante das tropas russas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participará na reunião por videoconferência.

Ataque a navio

"O grande navio de desembarque dos ocupantes russos foi destruído perto do porto de Berdyansk", disse um comunicado das Forças Armadas nesta quinta.

A imprensa ucraniana disse que moradores relataram duas explosões por volta das 6h40, horário local (1h40, em Brasília), que teriam sido ouvidas em toda a cidade.

O porto de Berdyansk é estratégico para os russos porque permite o fornecimento de equipamentos, munições e militares para as regiões do sul da Ucrânia.

Mortes na região de Lugansk

Ao menos quatro pessoas morreram, incluindo duas crianças, e seis ficaram feridas em um ataque russo na cidade de Rubizhne, próxima de Lugansk, leste da Ucrânia, informou hoje o governador da região, Serguii Gaidai.

Ele acusou "a aviação russa de lançar bombas de fósforo sobre Rubizhne". Outras autoridades regionais fizeram acusações similares nos últimos dias, informações que não foram possíveis de confirmar com fontes independentes.

Reposição russa

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse hoje avaliar que "as forças russas quase certamente sofreram milhares de baixas durante a invasão da Ucrânia", sem indicar números. O governo ucraniano estima que a Rússia perdeu cerca de 15,8 mil soldados no conflito, número que não pôde ser verificado de forma independente. Os russos não indicaram um balanço recente.

"A Rússia, provavelmente, está agora procurando mobilizar sua mão de obra reservista e recruta, bem como empresas militares privadas e mercenários estrangeiros, para substituir essas perdas consideráveis." Para os britânicos, "não está claro como esses grupos se integrarão às forças terrestres russas na Ucrânia e o impacto que isso terá na eficácia do combate." O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, já indicou que fornecerá mais 6 mil mísseis à Ucrânia.

Kiev calma

Após mais um toque de recolher, encerrado às 7h, horário local (2h, em Brasília), a prefeitura de Kiev disse que a noite e a madrugada foram "relativamente calmas".

"As autoridades da cidade pedem aos moradores de Kiev que tomem cuidado e não se desloquem pela cidade desnecessariamente", disse a prefeitura. "E, no caso de receber um sinal de alarme aéreo, vá para o abrigo imediatamente. Cuide da sua segurança e ajude quem está ao seu redor."

Desde o início da invasão, ao menos 264 civis morreram na capital, segundo a prefeitura, que estima que a população da capital tenha caído pela metade em razão da guerra. Antes, eram 3 milhões de habitantes.

Kherson controlada

Cidade tomada pelos russos no sul da Ucrânia, Kherson —a cerca de 650 quilômetros de Kiev—passa por um processo de "desminagem de terras agrícolas", segundo o Ministério da Defesa da Rússia. Eles apontaram a retirada de ao menos "12 mil objetos explosivos".

"Nos mapas das Forças Armadas da Ucrânia, que foram apreendidos por militares russos em quartéis-generais abandonados, foram marcados campos minados, que foram deliberadamente colocados em terras e instalações agrícolas", disse o ministério.

Já o Ministério da Defesa da Ucrânia fala que, "nos territórios temporariamente ocupados da região de Kherson, em conexão com protestos pacíficos contra a ocupação, o inimigo recorreu ao terror da população local" contra as manifestações.

"Kherson, onde cidadãos desarmados estão resistindo aos ocupantes, está provando a todos que ninguém chamou os soldados russos. Estes são criminosos de guerra de um estado terrorista que invadiram [a Ucrânia] à força", disse Reznikov.

Encontros na Bélgica

A capital belga, Bruxelas, recebe hoje uma cúpula extraordinária dos líderes da Otan, além de encontros da UE (União Europeia) e do G7, que visam consolidar as posições dos Estados Unidos e seus aliados diante da invasão iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa do encontro em que, junto com aliados europeus, anunciará sanções a oligarcas e políticos russos e estabelecerá com o G7 uma iniciativa para coordenar a implementação de todas as restrições impostas a Moscou e impedir qualquer tentativa de contorná-las.

Para o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, Putin "cometeu um grave erro: o de ter iniciado uma guerra contra uma nação independente e soberana". "Subestimou a força e coragem dos ucranianos."

Segundo ele, a Otan "aumentou a presença militar na região" e acrescentou que os líderes da aliança discutirão "a necessidade de reorganizar nossa dissuasão e defesa a longo prazo". Stoltenberg indicou que o "primeiro passo" é estabelecer "quatro novos grupos de combate no flanco leste da aliança, na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia". A Otan já mobilizou os grupos de combate em outros quatro países: Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia.

 

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- Biden é aprovado por 40% e desaprovado por 54%, diz Reuters

A taxa de aprovação do presidente dos EUA, Joe Biden, está em 40%, segundo pesquisa Reuters/Ipsos realizada em 21 e 22 de março de 2022 nos EUA. É o menor nível entre os levantamentos realizados pela empresa. Representa queda de 3 pontos percentuais em relação à semana anterior. O percentual é o mesmo que seu antecessor, Donald Trump, tinha em meados de março de seu 2º ano de mandato, em 2018.

A pesquisa, realizada com 1.005 pessoas, mostrou que 54% dos norte-americanos desaprovam o trabalho de Biden, com o país sofrendo com alta inflação e com a invasão da Rússia à Ucrânia levando preocupações geopolíticas ao 1º plano. Os eleitores veem a economia como a questão mais urgente, seguida pela guerra.

A popularidade de Biden começou a cair em meados de agosto, quando as mortes por complicações da covid aumentaram e os militares dos EUA enfrentaram uma “retirada caótica” do Afeganistão, diz a Reuters.

Os norte-americanos, porém, continuam polarizados sob a Presidência de Biden. Enquanto 77% dos democratas disseram que aprovaram seu desempenho no cargo, só 10% dos republicanos e 27% dos independentes lhe deram uma avaliação positiva.

Fonte: UOL com AFP e EFE - Poder360