Política

Tratado de paz entre Rússia e Ucrânia está a 1 milímetro de ser fechado





Acaba de terminar a reunião diplomática intermediada pela Turquia e voltada a colocar fim à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os resultados foram surpreendentes. A ponto de o presidente francês Macron ter ligado ao russo, Putin, para externar a sua confiança no bom caminho encontrado. Os otimistas falam estar o tratado de paz bilateral a 1 milímetro de distância da sua consumação.

As análises internacionais a respeito serão variadas. Muitas delas na base do quem perdeu ou ganhou no campo da geopolítica.

Seguramente, - e para os humanistas como, por exemplo, o papa Francisco -, o fundamental será colocar ponto final à matança e as outras desumanidades.

Em outras palavras, terminar com os crimes da competência jurisdicional do Tribunal Penal Internacional (TPI).

A propósito, a Rússia subscreveu o Tratado de Roma criador, de 1998, do supracitado TPI. No momento, dizem as autoridades russas não reconhecê-lo por falta de expressa ratificação.

Os pontos acertados, conforme apurado por este colunista e em âmbito europeu:

  • A Ucrânia concorda em adotar o "status neutral".

Esse estado de neutralidade existe, desde 1991, no direito internacional, também chamado de direito das gentes. Vigora na Áustria e Suécia, por exemplo.

  • O acordo teria como avalistas EUA, Turquia, França, Itália, Bélgica e Alemanha. Serão esses estados-nacionais os garantidores de que a Ucrânia não fará parte de Otan.

Como apoiador assinaria Israel, mantenedor de boas relações com a Rússia, como todos sabem, Israel, há pouco, vendeu programas militares de inteligência artificial à Rússia. Com a Rússia amiga, Israel não terá problemas com a Síria, hoje estado subordinado ao Kremlin.

Mais ainda. Garantirão os avalistas que bases militares, nacionais ou internacionais, não serão instaladas em território ucraniano e a colocar em risco a integridade da Rússia.

  • O problema decorrente da secessão da região de Dombass, cidades de Luansky e Donetsk, seria cuidado fora do âmbito do tratado de paz a ser firmado. Seria uma questão fora, resolvível por instrumento "ad hoc", sem se volta à guerra.

Pontos pendentes de solução:

  • A neutralidade, segundo a vontade russa, teria de ser total, a resultar numa Ucrânia sem forças armadas. A Rússia oferece, em troca, a concordância de a Ucrânia integrar a União Europeia.
  • Pretende a Rússia ter algum mecanismo de controle sobre a faixa litorânea entre Luhansky e Odessa.

A faixa em questão é banhada pelos mares Negro e de Azov. Algo difícill de aceitação, pois pelos portos dessa área é exportados o trigo ucraniano. A Ucrania é a maior produtora de trigo do planeta. A sua bandeira mantém o amarelo, a simbolizar a produção de trigo.

  • Reconhecimento pela Ucrânia da anexação da Crimeia pela Rússia, consumada em 2014.

Nesse ponto, - segundo vazado pelos serviços europeus de inteligência- , os diplomatas ucranianos aceitam que a questão seja resolvida pela Corte de Justiça de Haia, uma corte de mediação, com competência, desde que as partes concordem, para arbitrar e declarar o estado legítimo detentor territorial.

Pano rápido, a semana começa bem, embora a Rússia não aceite o cessar-fogo, apesar de estarem em curso as negociações de paz.

 

- Zelensky afirma que invasão russa está chegando ao fim

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a invasão russa "está chegando ao fim", mas que seu país não reduzirá "esforços de defesa", depois que a Rússia anunciou hoje que reduzirá as hostilidades em Kiev e Chernigov.

"Sim, podemos qualificar os sinais que ouvimos da plataforma de negociação como positivos. Mas esses sinais não abafam os estragos dos projéteis russos", afirmou Zelensky em sua habitual mensagem postada última hora do dia no site da presidência ucraniana.

"Em seu 34º dia a invasão em grande escala da Rússia e de nossa defesa em grande escala está chegando ao fim", destacou Zelensky.

O Exército russo começou hoje a retirada de algumas de suas tropas dos arredores de Kiev e da cidade sitiada de Chernigov, no norte, para se concentrar na conquista do Donbas, o objetivo principal da atual campanha militar russa na Ucrânia.

"O inimigo russo está realizando a retirada de unidades individuais dos territórios das regiões de Kiev e Chernigov", informou o Comando Geral das Forças Armadas da Ucrânia em seu último relatório militar.

No entanto, Zelensky ressaltou que "a vigilância não deve ser perdida. A situação não se tornou mais fácil... Os militares russos ainda têm um potencial significativo para continuar os ataques contra nosso Estado".

Por isso, alertou que "não reduziremos nossos esforços de defesa. Tanto no norte do nosso Estado quanto em todas as outras regiões da Ucrânia (...) A defesa da Ucrânia é a tarefa número um agora".

Sobre as negociações em curso com a Rússia, disse que "não vemos razão para confiar nas palavras de certos representantes de um Estado que continua a lutar pela nossa destruição".

O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu hoje o "progresso" nas negociações com a Ucrânia, em conversa por telefone com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, mas se mostrou inflexível sobre sua disposição de continuar a ofensiva no leste daquele país, segundo afirmaram fontes da presidência da França.

Por sua parte, Zelensky afirmou que a Ucrânia continuará o processo de negociação, reiterando que deve haver "segurança real" para seu país e sua soberania.

"As tropas russas devem deixar os territórios ocupados. A soberania e a integridade territorial da Ucrânia devem ser garantidas. Não pode haver comprometimento da soberania e da nossa integridade territorial. E não haverá", insistiu o presidente ucraniano.

Além disso, pediu que o restante dos países não espere que as negociações afetem as sanções contra a Federação Russa.

"A questão das sanções não pode sequer ser levantada até que a guerra termine, até que nos recuperemos e até que restauremos a justiça", afirmou, frisando que, pelo contrário, têm de ser intensificadas "semanalmente".

 

- Casa Branca diz não acreditar em recuo das tropas russas

"Vamos esperar para ver como serão suas ações", disse a diretora de comunicações 

A diretora de comunicações da Casa Branca, Kate Bedingfield, disse que a determinação do governo Biden de que o movimento das forças russas na Ucrânia não constitui uma retirada é “baseada no fato de que precisamos ver o que os russos realmente fazem antes de confiar apenas no que eles disseram”.

“Vimos desde o início que eles fizeram uma investida agressiva em direção a Kiev no início deste conflito, e não temos motivos para acreditar que eles ajustaram essa estratégia”, disse Bedingfield a Kaitlan Collins, da CNN, nesta terça-feira (29).

“Obviamente, continuamos a fazer tudo o que podemos para impor custos para esta decisão. Continuaremos a executar nossa estratégia, mas, como você ouviu o presidente dizer, não vamos acreditar na palavra deles. Vamos esperar para ver como serão suas ações.”

Mais cedo nesta terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse a repórteres que “não tiro conclusões” na alegação da Rússia de que estava retirando tropas “até que eu veja quais são suas ações”.

“Veremos. Eu não tiro conclusões até ver quais são suas ações. Veremos se eles seguem o que estão sugerindo”, disse o presidente.

Mais contexto: um funcionário também disse a Collins que “ninguém deve ser enganado pelos anúncios da Rússia” e, em vez disso, deve se preparar para mais agressão russa.

Bedingfield também respondeu aos comentários do porta-voz do primeiro-ministro britânico Boris Johnson de que eles não querem ver nada menos do que uma “retirada completa” das forças russas do território ucraniano e julgarão a Rússia por suas ações e não por palavras.

“Vamos permitir que os ucranianos executem essas negociações. Não é nosso papel começar a negociação novamente, nosso papel é fortalecer a Ucrânia no campo de batalha para tentar fortalecer a Ucrânia na mesa de negociações, implicando sanções e custos para a Rússia”, disse Bedingfield a Collins. “Mas não vou prejulgar ou predeterminar um resultado para essa conversa.”

 
Fonte: UOL - CNN Brasil