Política

Kremlin diz ter ficado perplexo com sanções contra filhas de Putin





O Kremlin afirmou hoje (7) que ficou perplexo com a decisão dos Estados Unidos (EUA) de impor sanções contra as filhas adultas do presidente russo, Vladimir Putin. Ação foi considerada parte de "histeria ocidental" mais ampla contra a Rússia.

As novas sanções dos EUA contra Moscou por sua intervenção militar na Ucrânia, anunciadas nessa quarta-feira, visaram bancos e a elite russa, incluindo as filhas de Putin Katerina e Maria, que autoridades norte-americanas acreditam estar escondendo a riqueza do pai.

"Claro que consideramos essas sanções como a extensão de uma posição absolutamente raivosa sobre a imposição de restrições", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. "Em qualquer caso, a linha em curso sobre a imposição de restrições contra os membros da família fala por si mesma"

Peskov afirmou que o Kremlin não consegue compreender por que as filhas de Putin são alvo.

"Isso é algo difícil de entender e explicar. Infelizmente, temos que lidar com esses opositores", acrescentou.

A filha de Putin Katerina Tikhonova é uma executiva de tecnologia, cujo trabalho apoia o governo russo e sua indústria de defesa, de acordo com detalhes do pacote de sanções dos EUA, anunciado ontem.

A outra filha adulta, Maria Vorontsova, lidera programas financiados pelo governo que receberam bilhões de dólares do Kremlin para pesquisa genética, e são supervisionados pessoalmente por Putin, disseram os Estados Unidos.

Putin sempre manteve a vida privada dele e de sua família fora dos holofotes. O Kremlin frequentemente dispensa perguntas sobre eles, citando o direito  do presidente à privacidade. 

A Rússia enviou dezenas de milhares de tropas à Ucrânia em 24 de fevereiro, o que chamou de "operação especial" para combater a capacidade militar de seu vizinho do sul e expulsar pessoas que chamou de perigosos nacionalistas.

As forças ucranianas montaram forte resistência, e o Ocidente impôs sanções severas à Rússia, num esforço para forçá-la a se retirar.

 

- Aumento dos combates impede ajuda humanitária na Ucrânia

O porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o aumento dos confrontos na Ucrânia está impedindo que a ajuda humanitária chegue aos mais necessitados.

"Recebemos relatos de aumento de combates, bombardeios e confrontos na região de Donbass, no Leste, bem como nas províncias do Sul do país. Os confrontos continuam a afetar áreas residenciais e a danificar infraestruturas importantes", alertou Stéphane Dujarric.

Isso "impede que as pessoas presas nas cidades cercadas tenham acesso a mantimentos vitais ou possam retirar-se em segurança", disse o porta-voz, acrescentando que a entrega de ajuda humanitária está sendo limitada em diferentes partes da Ucrânia.

"Mariupol, Kherson, Mikolaiv e partes das províncias de Lugansk e Donetsk são as áreas mais afetadas. Em Mikolaiv, os bombardeios danificaram um hospital infantil, um orfanato e um centro de oncologia há dois dias", afirmou.

Dujarric observou que 6 milhões de pessoas na Ucrânia "lutam todos os dias para ter acesso a água, necessidade humana essencial, e que 4,6 milhões de pessoas têm acesso limitado à água ou dependem de fontes inseguras".

Os danos à infraestrutura deixaram "mais de 1,4 milhão de pessoas" em todo o país sem acesso à água potável, especialmente nas províncias de Lugansk e Donetsk, mas também em partes de Kharkiv, Sumy, Chernigov e Mikolaiv, disse o porta-voz.

Na cidade de Lozova, em Kharkiv, mais de 60 mil pessoas estão sem abastecimento de água e 40 mil sem eletricidade desde 2 de abril, na sequência de intensos combates que danificaram a infraestrutura.

Dujarric lembrou que os doadores forneceram mais US$ 50 milhões "para apoiar o trabalho humanitário crítico na Ucrânia". Ele defendeu a necessidade de "mais fundos" para ajudar quem foi prejudicado pela guerra.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, segue para a Ucrânia, onde se vai reunir com altos funcionários do governo.

 

- Ucranianos fogem com medo de novo ataque russo e deixam cidade vazia

Carregando sacolas plásticas com poucos pertences, moradores da cidade ucraniana de Derhachi, no Leste do país e próxima da fronteira com a Rússia, embarcaram em veículos para deixar o local, enquanto crescem os temores de um novo ataque russo. 

Desde que recuaram da capital Kiev na semana passada, as forças russas concentram a ofensiva em locais no Sul e Leste da Ucrânia.

O Estado-Maior da Ucrânia afirma que a cidade de Kharkiv, a segunda maior do país, localizada no Nordeste, continuava sob ataque nessa quarta-feira, e as autoridades esperam que as forças russas iniciem ataque em escala total em breve, para tomar a cidade. 

Muitos em Derhachi, que fica apenas 30 quilômetros ao norte de Kharkiv e da fronteira com a Rússia, decidiram deixar o local enquanto conseguem. Prédios já foram muito danificados pela artilharia russa. 

"Os bombardeios foram intensificados nos últimos dias. Estou muito preocupado por causa dos meus filhos", disse Mykola, pai de duas crianças, que se recusou a informar seu sobrenome, abraçando seu filho mais jovem que se aquecia com um cobertor de lã. 

Ele disse que pode escutar os bombardeios toda noite, e que tenta se proteger no chão do corredor de casa com sua família. 

"Iremos para onde não houver explosões, onde as crianças não terão de escutá-las. Eu quero que isso acabe o mais breve possível", afirmou, emocionado.

 

 

-  Pentágono diz que está confiante de que Ucrânia pode vencer guerra

Chanceler ucraniano diz que vai pedir mais armas à Otan

O Pentágono diz que a Ucrânia pode ganhar a guerra contra a Rússia, apesar do ceticismo de alguns altos funcionários norte-americanos que falam do risco de um conflito prolongado. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou, nesta quinta-feira (7), que vai pedir o envio de mais armamento à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Claro que podem ganhar. A prova está literalmente nos resultados que estão obtendo todos os dias. Eles podem ganhar”, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby no Twitter.

Ele lembrou o que as forças ucranianas conseguiram até agora: “Putin não alcançou nenhum dos seus objetivos estratégicos na Ucrânia. Não conquistou Kiev e não derrubou o governo. Só tomou o controle de pequeno número de centros populacionais”.

“E não foram os que procurava. Por isso, Mariupol ainda não foi tomada. Tirou as forças de Kiev de Cherniniv. Não conquistou Kharkiv nem Mykolayiv, no Sul da Ucrânia”.

Segundo John Kirby, “os ucranianos lutam corajosamente pelo seu país. E negaram a Putin os seus objetivos estratégicos. Eles podem vencer”.

Apelo

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que vai pedir o envio de mais armamento, nas reuniões marcadas para hoje com aliados da Otan, em Bruxelas.

Drones

Cem drones de combate, que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, anunciou há duas semanas que seriam enviados à Ucrânia já chegaram ao país, informou o Departamento de Defesa.

O porta-voz do Pentágono disse que os drones, com ogivas antiblindados, chegaram à Ucrânia no início da semana.

Agora “estamos conversando com os ucranianos sobre o uso dos drones, acrescentou.

John Kirby lembrou que os ucranianos não estão familiarizados com o uso desse tipo de dispositivo e que precisam de formação militar.

Um pequeno grupo de militares ucranianos, que se encontrava nos EUA antes do início da invasão russa, está recebendo formação sobre o uso dos drones de combate.

O porta-voz disse que esses militares poderão agora dar formação a outros soldados quando regressarem à Ucrânia.

Segundo Kirby, essa tecnologia não é muito complicada de usar, e um militar pode ser “treinado adequadamente em alguns dias”.

A Casa Branca anunciou ontem que vai fornecer mais US$ 100 milhões em ajuda militar à Ucrânia, aumentando o apoio dos norte-americanos para US$ 1,7 bilhão desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

John Kirby afirmou, em comunicado, que o apoio continuará a ser dado em sistemas antiblindados, incluindo mísseis Javelin, que os EUA têm fornecido à Ucrânia.

 

Fonte: Agência Brasil