Economia

Ibovespa vira e fecha em queda de 1,86% com mercado dos EUA no radar; dólar sobe





Principal índice da B3 terminou o dia aos 107.876,16 pontos, enquanto a moeda norte-americana valorizou 0,07%, e encerrou o dia cotada a R$ 4,943 

O Ibovespa encerrou em queda nesta sexta-feira (29) de 1,86%, aos 107.876,16 pontos – menor pontuação desde 18 de janeiro, quando bateu 106.668 pontos.

O principal índice da B3 começou o dia em alta, porém, cedeu após um recuo nos índices do mercado norte-americano. Vale, Petrobras e Bradesco foram as principais influências para que o Ibovespa não caísse mais. Suzano cedia na ponta oposta.

Já o dólar fechou em leve alta de 0,07%, cotado a R$ 4,943, acompanhando a retração da divisa norte-americana no exterior de seus maiores patamares em 20 anos, em sessão que tende a ser volátil devido à formação da taxa Ptax de fim de mês no mercado doméstico.

Na semana, a moeda norte-americana subiu 2,85%, maior alta de cinco dias consecutivos desde outubro de 2021. No mês, avançou 3,79%, maior alta mensal desde setembro de 2021. Porém, se considerado o ano, desvalorizou 11,30% entre janeiro e abril.

O Banco Central fez neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.  Especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business apontam que o movimento do BC, que acontece desde 6 de abril, pode ajudar a dar liquidez na moeda.

O Ibovespa fechou em alta de 0,52% nesta quinta-feira (28), aos 109.919 pontos. Enquanto O dólar à vista, por sua vez, caiu 0,56%, a R$ 4,94.

Dólar

Jefferson Rugik, diretor-executivo da Correparti Corretora, também chamou a atenção nesta sexta-feira para o movimento de recuperação de moedas emergentes e ligadas às commodities – como peso mexicano, peso chileno e rand sul-africano -, que parecia dar amparo ao real.

Pela manhã, além do exterior, que ditava a baixa do dólar por aqui, a pressão de agentes com posições vendidas na moeda norte-americana em meio à “briga” da Ptax dava fôlego adicional ao real, afirmou Rugik.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, o que pode levar a alguma volatilidade nos mercados.

Alguns investidores também apontaram um movimento de ajuste para baixo no preço do dólar desde quarta-feira, depois que a moeda saltou mais de 8% em apenas três dias, entre sexta e terça passadas. É natural, depois de oscilações expressivas na cotação do dólar, haver correções técnicas.

Mercado nos EUA

Os mercados de ações dos Estados Unidos caíam nesta sexta-feira, com previsões decepcionantes da Amazon e da Apple empurrando o Nasdaq para forte queda mensal, enquanto o maior aumento na inflação mensal desde 2005 intensificou preocupações de investidores.

Amazon.com Inc despencava 11,9%, para uma mínima em quase dois anos. Custos mais altos prejudicaram os resultados do primeiro trimestre, e a gigante do comércio eletrônico espera perder até 1 bilhão de dólares em receita operacional neste trimestre.

Apple Inc, a empresa mais valiosa do mundo, cedia 0,9%, após sua perspectiva sombria ofuscar lucro e vendas trimestrais recordes.

Todos os 11 principais setores do S&P 500 caíam no pregão, com as ações de consumo discricionário liderando as perdas (-3,3%).

Balanços decepcionantes e preocupações com aumentos agressivos nas taxas de juros pelo Federal Reserve atingiram ações de gigantes de tecnologia e de companhias com perfil de crescimento neste mês.

O Nasdaq cai cerca de 10% em abril, a caminho de igualar as perdas mensais de dois dígitos vistas pela última vez durante o auge da onda de vendas ditada pela pandemia em março de 2020 e a crise financeira em 2008.

“O fato de o mercado de ações ter caído já indica que a demanda está desacelerando um pouco, e novos aumentos nas taxas de juros também diminuirão a demanda”, disse Randy Frederick, diretor administrativo de negociação e derivativos da Schwab Center for Financial Research.

Dados mostraram que o índice de preços das despesas de consumo pessoal, medida de inflação preferida do Fed, disparou 0,9% em março, maior alta desde 2005, depois de subir 0,5% em fevereiro.

O Fed se reúne na próxima semana, e operadores apostam em um aumento de 50 pontos-base no juro para combater a inflação em alta.

Commodities 

No começo da sessão, o Ibovespa operou em alta por conta das commodities. Os contratos futuros de minério de ferro na China subiram pela quarta sessão consecutiva nesta sexta-feira, com alta de mais de 4%, impulsionados por expectativas de demanda já que Pequim prometeu intensificar medidas para estabilizar a economia.

Em reunião presidida pelo presidente Xi Jinping nesta sexta-feira, o Politburo, principal órgão de decisão do Partido Comunista, disse que a China adotará um pacote de políticas para ajudar as indústrias atingidas pela pandemia, intensificando a construção de infraestrutura e apoiando o desenvolvimento saudável do mercado imobiliário.

Os preços futuros de ingredientes para fabricação de aço e materiais de construção avançaram após a notícia, com o minério de ferro de referência na bolsa de commodities de Dalian subindo 4,2%, para 870 iuanes (US$ 132,05) a tonelada no fechamento.

Os futuros de carvão metalúrgico para entrega em setembro se recuperaram das perdas na sessão da manhã, avançando 0,9%, para 2.853 iuanes por tonelada. Os preços do coque de Dalian aumentaram 2,1%, para 3.625 iuanes por tonelada.

O vergalhão de aço na Bolsa de Futuros de Xangai, para entrega em outubro, fechou em alta de 1,6%, a 4.910 iuanes por tonelada. As bobinas laminadas a quente usadas no setor manufatureiro ganharam 1,5%, para 4.996 iuanes por tonelada.

Ao mesmo tempo, nesta sexta-feira, o petróleo WTI fechou a US$ 104,69, com queda de 0,64%. Enquanto o brent encerrou o dia a US$ 109,34, com alta de 1,63%.

 

Contas externas têm saldo negativo de US$ 2,4 bilhões em fevereiro

Em um mês, reservas internacionais caem US$ 658 milhões

As contas externas registraram saldo negativo de US$ 2,4 bilhões em fevereiro deste ano. No mesmo mês de 2021, o déficit foi de US$ 4 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias, serviços e transferência de renda com outros países.

De acordo com as estatísticas do setor externo de fevereiro, divulgadas hoje (29), em Brasília, pelo Banco Central, na comparação interanual a balança comercial de bens teve aumento de US$ 3,9 bilhões, resultado que foi “parcialmente compensado” pela alta de US$ 1,9 bilhão no déficit em renda primária e de US$ 361 milhões no déficit em serviços.

Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2022, o déficit em transações correntes ficou em US$ 26,1 bilhões, o que corresponde a 1,59% do PIB - a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. Em janeiro, este mesmo item estava em US$ 27,7 bilhões (1,71% do PIB); e em fevereiro de 2021, em US$ 21 bilhões (1,49% do PIB).

Ainda segundo o levantamento do BC, “a balança comercial de bens registrou superávit de US$ 3,5 bilhões em fevereiro de 2022, ante saldo negativo de US$ 357 milhões em fevereiro de 2021. As exportações de bens totalizaram US$ 23,7 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 20,2 bilhões, incrementos de 43,6% e 19,8% em comparação a fevereiro de 2021”, informou a autoridade monetária.

As exportações de bens, acrescentou o BC, somaram US$ 23,7 bilhões. Já as importações atingiram US$ 20,2 bilhões, valores que correspondem a um aumento de 43,6% e 19,8%, respectivamente, em comparação a fevereiro de 2021.

Serviços e viagens

As contas do setor de serviços registraram déficit de US$ 1,8 bilhão em fevereiro deste ano, valor 25,5% maior na comparação com o mesmo mês de 2021. As despesas líquidas verificadas na conta de viagens internacionais ficaram em US$ 445 milhões no mês, ante US$ 28 milhões em fevereiro de 2021.

“Destaca-se, na mesma base de comparação, o crescimento dos fluxos brutos de receitas de viagens, 70,1%, totalizando US$ 360 milhões, e de despesas de viagens, 235,5%, somando US$ 805 milhões. As despesas líquidas de transportes somaram US$ 425 milhões em fevereiro de 2022, ante US$ 274 milhões em fevereiro de 2021, seguindo a tendência de expansão da corrente de comércio exterior”, detalhou o BC.

Renda primária

O déficit na conta de renda primária aumentou 77,3% em relação a fevereiro de 2021, chegando a US$4,4 bilhões no mês. Aumentou também o déficit das despesas líquidas de lucros e dividendos, passando de US$ 1 bilhão em fevereiro de 2021, para US$ 2,9 bilhões em fevereiro de 2022. O Banco Central informou que isso se deve principalmente ao acréscimo de US$ 2 bilhões nas despesas brutas.

As despesas líquidas com juros aumentaram 2,7% na comparação com 2021, atingindo US$ 1,5 bilhão no mês. Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país somaram US$ 11,8 bilhões em fevereiro de 2022, ante US$ 8,8 bilhões em fevereiro de 2021.

“Houve ingressos líquidos de US$ 12,2 bilhões em participação no capital e saídas líquidas de US$ 394 milhões em operações intercompanhia. Nos doze meses encerrados em fevereiro de 2022, o IDP [Investimento Direto no País] somou US$ 50,7 bilhões (3,09% do PIB), ante US$ 47,7 bilhões (2,94% do PIB) no mês anterior e US$ 44,8 bilhões (3,18% do PIB) em fevereiro de 2021”, detalhou o BC.

Os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram aplicações líquidas de US$ 2,5 bilhões, resultado de US$ 2,7 bilhões em participação no capital e amortizações líquidas de US$ 161 milhões em operações intercompanhias. Segundo o BC, nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2022, o IDE totalizou US$ 19,3 bilhões em aplicações líquidas no exterior.

Já os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram US$ 1,8 bilhão em entradas líquidas em fevereiro de 2022. O resultado se deve a um total de US$ 4,8 bilhões em ingressos via ações e fundos de investimento; e a saídas em títulos de dívida, que representaram US$ 3,0 bilhões.

“Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2022, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$23,2 bilhões”, disse o BC.

Reservas internacionais

As reservas internacionais foram reduzidas em US$ 658 milhões em fevereiro, na comparação com janeiro. Com isso, elas caíram para US$ 357,7 bilhões.

“O resultado decorreu, principalmente, das variações por paridades que contribuíram para reduzir o estoque em US$ 2,4 bilhões. O retorno líquido de linhas com recompra, US$ 1 bilhão; as variações de preço, US$ 646 milhões; e a receita de juros, US$ 393 milhões, contribuíram para elevar o estoque de reservas internacionais”, explicou o Banco Central.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil