Política

Premiê da Finlândia apoia adesão do país à Otan; Rússia cita ameaça





O presidente e o primeiro-ministro finlandeses anunciaram hoje serem favoráveis a uma adesão "sem demora" à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar atlântica. Em reação a esta movimentação, a Rússia ameaçou o país.

A decisão finlandesa será formalizada já neste domingo (15) à organização, conforme um comunicado conjunto do presidente Sauli Niinistö e a premiê Sanna Marin.

Ser membro da Otan reforçaria a segurança na Finlândia. Enquanto membro da Otan, a Finlândia reforçaria a aliança no seu conjunto. Trecho de comunicado 

O país, que tem 1,3 mil quilômetros de fronteiras terrestres com a Rússia, já vinha sinalizando a intenção de abrir mão da neutralidade adotada após a amarga derrota para a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Os 200 anos de neutralidade militar da vizinha Suécia também podem estar com os dias contados.

No ranking do Índice Global da Paz, que mede a paz no mundo, suecos e finlandeses estão sempre em bons patamares, apesar da recente onda de violência entre gangues rivais na Suécia.

Rússia reage a comunicado

Após o comunicado da Finlândia, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia reagiu com ameaças, através de seu canal oficial no Telegram.

"Helsinque deve estar ciente da responsabilidade e consequências de tal movimento. A adesão da Finlândia à Otan causará sérios danos às relações bilaterais russo-finlandesas, mantendo a estabilidade e a segurança na região nórdica", disse Moscou.

"A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir as ameaças à sua segurança nacional que surgem a esse respeito", completou.

O porta-voz russo, Dmitry Peskov, também informou que a Rússia estará preparada para dar a "resposta mais decisiva" se algum lado tentar entrar no conflito na Ucrânia" e "entrar na operação militar especial, que agora está sendo realizada pelas Forças Armadas da Federação Russa".

"Operação militar" é o termo que os russos usam para classificar a guerra que promovem no território ucraniano, que hoje entrou em seu 78º dia.

Peskov também disse que, nos últimos dois meses, "não houve ações para retomar o diálogo" entre Rússia e Estados Unidos, país aliado da Ucrânia, enviando ajuda militar, e que é uma das principais lideranças da Otan. 

 

 

Rússia é ameaça mais direta à ordem mundial, diz von der Leyen

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje (12) que a Rússia é a "ameaça mais direta" à ordem internacional, devido à invasão da Ucrânia. Ela participa, em Tóquio, da 28ª cúpula União Europeia-Japão.

Moscou "é hoje a ameaça mais direta à ordem mundial com a guerra bárbara contra a Ucrânia e o perturbador pacto com a China", afirmou Von der Leyen, após encontro com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

No encontro, os dois lados comprometeram-se a reforçar a cooperação para aplicar "fortes sanções" à Rússia, pela invasão da Ucrânia, e a levar à Justiça os responsáveis pelos "crimes de guerra" cometidos no conflito.

Os líderes do Japão e da Europa deixaram mensagem à China, de defesa de um "Indo-Pacífico livre e aberto", contra a ascensão militar de Pequim na região.

O Indo-Pacífico "é uma região cada vez mais próspera, mas com tensões crescentes", destacou Von der Leyen, citando, principalmente, os contínuos testes de armamento da Coreia do Norte e o elevado perfil militar da China.

A UE procura ter "papel mais ativo" e "mais responsabilidade" em região que considera "vital para a sua prosperidade", afirmou.

Kishida, por sua vez, disse que tanto o Japão quanto a UE "discutirão em conjunto quaisquer tentativas de alterar o status quo, ou de coerção econômica" na região, com vistas a promover um Indo-Pacífico "livre e aberto".

Fonte: Agência Brasil - UOL com informações das agências RFI, em Bruxelas (Bélgica), e AFP, em Moscou (Rússia)