Saúde

Mais de 1,2 mil crianças amapaenses apresentaram desnutrição grave em 2017





 

Os dados foram divulgados pela Fundação Abrinq e se referem à crianças menores de 5 anos. Em relação à desnutrição crônica nessa faixa etária, o número apresentado pelo estado foi de 4.776 casos no ano passado.

 

Em 2017, 6,2% da população de 0 a 5 anos de idade no Amapá apresentaram quadros de desnutrição grave, o que representa 1.293 crianças. Os dados foram apresentados na edição 2018 do Cenário da Infância e Adolescência, estudo realizado pela Fundação Abrinq, através de indicadores relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), “a desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente”, diz o órgão no Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar.

O percentual apresentado no estado é maior desde o ano de 2013, quando 6,4% da população nessa faixa etária estava nessa condição. Já em números absolutos, os índices registrados em 2017 são os maiores desde o início da pesquisa, em 2008.

Entre os municípios amapaenses, os números absolutos de crianças com desnutrição grave em 2017, segundo a Fundação Abrinq, foram: Macapá (536), Santana (200), Laranjal do Jari (109), Mazagão (91), Tartarugalzinho (68), Vitoria do Jari (48), Oiapoque (39), Porto Grande (34), Calçoene (31), Ferreira Gomes (29), Itaubal (29), Pedra Branca do Amapari (25), Cutias (20), Amapá (18), Serra do Navio (8), e Pracuúba (8).

Em relação aos percentuais de crianças de até 5 anos que estavam nessa situação no ano passado, os 16 municípios do Amapá apresentaram os seguintes índices: Cutias (9%), Itaubal (8,1%), Tartarugalzinho (7,6%), Ferreira Gomes (7,3%), Mazagão (7,1%), Amapá (6,7%), Santana (6,5%), Macapá (6,4%), Vitoria do Jari (5,7%), Pedra Branca do Amapari (5,3%), Calçoene (5,2%), Laranjal do Jari (5,2%), Oiapoque (4,7%), Porto Grande (4,5%), Pracuúba (4,3%), e Serra do Navio (3,9%).

Desnutrição Crônica

Em todo o ano de 2017, o estado do Amapá registrou 4.776 casos de desnutrição crônica, causada pelo agravamento do estado de desnutrição. O número é alto e representa 22,8% da população amapaense de 0 a 5 anos. O resultado, em relação a porcentagem, é o maior apresentado no estado desde 2014, quando 25,2% estavam nessa situação. Já em relação aos números absolutos, a estimativa é a maior desde 2008.

O quadro de desnutrição crônica apresentado pelos municípios amapaenses em 2017, considerando os números absolutos, foi: Macapá (1.757), Santana (923), Laranjal do Jari (476), Mazagão (353), Vitoria do Jari (193), Tartarugalzinho (174), Oiapoque (157), Porto Grande (144), Ferreira Gomes (114), Calçoene (99), Itaubal (97), Amapá (89), Pedra Branca do Amapari (85), Cutias (53), Pracuúba (43), e Serra do Navio (19).

Já os resultados de desnutrição crônica em relação ao percentual da população nessa faixa etária, ficou dessa forma: Amapá (33,3%), Santana (29,8%), Ferreira Gomes (28,9%), Mazagão (27,5%), Itaubal (27%), Cutias (23,8%), Pracuúba (22,9%), Vitoria do Jari (22,7%), Laranjal do Jari (22,6%), Macapá (20,9%), Calçoene (16,5%), Tartarugalzinho (19,4%), Porto Grande (19%), Oiapoque (18,7%), Pedra Branca do Amapari (18%), e Serra do Navio (9,1%).

Cenário da Infância e Adolescência

A publicação conta com mais de 20 indicadores sociais relacionada às condições de vida de crianças e adolescentes, entre como mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolaridade, trabalho infantil, saneamento básico, acesso a equipamentos de cultura e lazer, violência, e outros.

De acordo com a Fundação Abrinq, “o documento é uma fotografia da população de 0 a 19 anos, que já representa 33% do total de habitantes no Brasil, de acordo com o IBGE (2016). No recorte que abrange a faixa etária de 0 a 14 anos, por exemplo, o estudo revela que ainda há 17,3 milhões de crianças e adolescentes – equivalente a 40,2% desse universo – vivendo em situação domiciliar de pobreza[...]. As precárias condições de vida dessa parcela da população geram um círculo vicioso do qual dificilmente a criança ou o adolescente pobre conseguem escapar, vendo suas vidas condenadas ao mesmo padrão econômico do que o de seus pais”.

O presidente da Fundação, Carlos Tilkian, afirmou que “além de ser uma publicação prática para consulta, o Cenário da Infância e da Adolescência é capaz de mostrar um retrato do Brasil quanto à garantia de direitos para essa faixa etária, permitindo o monitoramento dos desafios que precisamos vencer para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse em trecho divulgado pela instituição.

Já a administradora executiva da organização, Heloisa Oliveira, enfatiza que a publicação pode subsidiar políticas públicas que visam a melhora dessa faixa etária. “Acreditamos que as crianças e adolescentes devem ser foco prioritário de ação para os países comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com a redução da pobreza e das desigualdades e com a promoção de sociedades mais justas e pacíficas”, afirmou em entrevista divulgada pela Fundação Abrinq.

 Da Redação