“Confiar a Deus, unidos à Nossa Senhora de Lourdes, as angústias de todo o mundo”. É o que pede padre Wagner Souza, da Diocese de Itaguaí (RJ), no dia dedicado a Nossa Senhora de Lourdes. Nesta quinta-feira, 11, a Igreja também celebra o Dia Mundial do Enfermo. A relação entre as duas datas perpassa pela aparição de Nossa Senhora, explica o sacerdote.
Em 1854, a Igreja proclamou o Dogma da Imaculada Conceição. Depois de muitas discussões e averiguações teológicas, esta verdade foi definida. Padre Wagner observa que, na época, os meios de comunicação eram muito lentos, por isso a notícia demorou uma década, mais ou menos, para tornar-se conhecida no mundo.
“Nossa Senhora apresentou-se dizendo: ‘Eu sou a Imaculada Conceição’. Para muitos, Lourdes é a resposta que veio do céu para confirmar a decisão da Igreja”. As aparições têm uma importância capital. Elas se tornaram citação obrigatória na narrativa da proclamação do Dogma Mariano da Imaculada Conceição.
Em uma das aparições, Nossa Senhora pediu à vidente para cavar o chão da gruta e comer da grama que ali existia. Logo em seguida, brotou, no lugar onde Bernadete havia cavado, uma fonte abundante de água limpa.
Muitos doentes passaram a ir até a fonte para tomar a água, ser aspergidos com ela. “Muitos ficaram curados de males e doenças muito graves, como acontece até os dias de hoje”, conta padre Wagner.
Foi em 1992 que o Papa João Paulo II instituiu a memória das aparições de Nossa Senhora em Lourdes. Também no dia 11 de fevereiro foi proclamado o Dia Mundial dos Enfermos. “As datas são um reconhecimento de que em Lourdes o Santuário é o mais visitado pelos doentes do mundo inteiro”, revela o sacerdote.
O seminarista da Diocese de Lorena (SP), Danilo José dos Santos, é devoto de Nossa Senhora de Lourdes. O jovem de 27 anos conta que este título de Maria o acompanha desde sua infância. “Quando criança, recebi de presente sua imagem, o que fez brotar um verdadeiro carinho por essa aparição”, comenta.
“Busquei, pois, aprofundar o meu conhecimento sobre a sua história e, à medida que ia conhecendo os detalhes da aparição, aumentava ainda mais a minha devoção. Todo ano, faço a novena, que começa no dia 2 de fevereiro. Cheguei até mesmo a convidar os seminaristas de minha casa de formação para rezar comigo”, destaca Danilo.
A devoção também foi cultivada pelos pais, que sempre incentivaram o seminarista e seus irmãos a rezar a consagração a Nossa Senhora de Lourdes. Neste tempo de pandemia, a oração tornou-se ainda mais intensa.
“Nossa Senhora se importa com tudo, absolutamente tudo, o que diz respeito ao seus filhos, que somos nós. Nada escapa ao seu olhar materno. Ela cuida de modo muito especial daqueles que mais sofrem. E nesta pandemia, temos visto quanto sofrimento e quantos sofredores! Mas Nossa Senhora os ampara nesta hora tão difícil”.
Assim como Danilo, Elisleylâne Waleska de Castro também é devota de Nossa Senhora de Lourdes. A jovem destaca que o trabalho de recepcionista na Casa do Puríssimo Coração de Maria, em Guaratinguetá (SP), fortaleceu sua fé e suas convicções. O local, que conta com uma Gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, recebe muitos turistas e devotos.
“Nestes sete anos trabalhando na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, ouvi dezenas de graças alcançadas, principalmente em relação à saúde”, sublinha Elisleylâne. A jovem afirma que o trabalho a fez perceber a presença de Nossa Senhora de Lourdes em sua vida. “Em todo lugar me deparo com uma gruta, e isso me diz mais do que posso explicar. Ela é minha Mãe e está sempre presente em minha vida”.
Para Elisleylâne, neste tempo de pandemia, nunca foi tão necessário recorrer a Nossa Senhora, a fim de que ela passe à frente de toda situação calamitosa.
“Com este surto, deparamo-nos com mais do que a perda da saúde física, mas também da saúde emocional e até espiritual. Mas também nas situações difíceis, Deus e Nossa Senhora esperam de nós uma postura de fé, confiantes em sua ajuda”.
Irmã Nair Paschoalini, religiosa Salesiana, está à frente da Casa do Puríssimo Coração de Maria em Guaratinguetá. A instituição é onde está localizada a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. A religiosa conta que o local foi construído por Monsenhor João Filippo.
A Gruta foi construída em 1921, e é procurada pelos fiéis devido à água que a todos oferece. Irmã Nair conta que, no local, estão presentes pedras da fonte surgida em Lourdes após as aparições de Nossa Senhora à menina Bernadete. As pedras estão aos pés da imagem, em um pequeno reservatório por onde passa toda água que vem para as bicas.
“Monsenhor Filippo pediu a Deus e Nossa Senhora de Lourdes que abençoassem toda água que passasse pelas pedras. Pediu que abençoassem as pessoas que ali viessem com fé, apresentando seus pedidos e suas intenções. Pediu também que realizassem aqui as mesmas graças, curas, bênçãos e milagres que se realizam em Lourdes”, conta a religiosa.
Neste tempo de pandemia, infelizmente o acesso ao local da Gruta está fechado devido às restrições da crise sanitária.
“O Papa Francisco nos deu o exemplo de Oração a Nossa Senhora de Lourdes. Diante da pandemia que tem ceifado tantas vidas e causado tanto sofrimento ao povo de tantos países, somos encorajados a invocar a Senhora de Lourdes ou a Senhora da Gruta”, frisa Irmã Nair.
Padre Wagner destaca que o Papa, neste ato de oração, ensinou a todos como reza o verdadeiro devoto de Nossa Senhora. “O terço é a contemplação dos mistérios da vida de Jesus. E, unidos à Mãe do Senhor, nós somos chamados a contemplar a grandeza do amor e a força do poder de Deus”.
“Assim o Papa rezou e nós também devemos confiar a Deus, unidos à Senhora da Gruta, a angústia de todo mundo que sofre as consequências da pandemia. Rezemos na certeza de que não estamos sozinhos, mas unidos aos sofrimentos de Cristo e amparados pela proteção da Virgem Maria”, concluiu.
Fonte: Canção Nova - Julia Beck